A relação entre a nossa inteligência e a artificial inspirou centenas de artistas brasileiros e de outros 38 países.
A inteligência artificial é instrumento para a criatividade no Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, em São Paulo.
O homem desperta a máquina. Ao mesmo tempo em que é desafiado por ela.
“No âmbito da arte, da estética, a gente entende que a inteligência artificial, ela vem corroborar a criatividade humana para criar novas formas e não para dominá-la, né”, diz a organizadora da exposição e cofundadora do FILE, Paula Perissinotto.
Parece que quanto mais os computadores avançam, mais precisamos do que é essencialmente humano para dar sentido ao mundo. E a arte provoca.
Jornal Nacional: O que a senhora achou?
Valdeí Dias dos Santos, auxiliar de limpeza: Achei estranho. Falei: ‘mas meu olho é tão grande assim? Não é possível’.
A ideia de escanear a íris do olho faz nascer novas imagens do universo.
“Aquele negócio ali trouxe uma expansão enorme. E a tecnologia é isso”, diz a cabeleireira Ivani Santos Silva.
A exposição convida a fugir da realidade. E a fazer arte sem ser artista.
“Eu fiz uma bola, um triângulo e também fiz uma bolinha muito pequena”, diz o Marcos Ravi Machado Pinto, de 5 anos.
“Normalmente você vai no museu e vê. Agora aqui você constrói a sua própria obra”, diz o professor Diego Leon.
É essa relação entre a nossa inteligência e a artificial que inspirou centenas de artistas brasileiros e de outros 38 países.
Uma das experiências que mais têm feito sucesso por lá é quando a pessoa se coloca na frente de duas câmeras, que captam a imagem. A tecnologia coloca o rosto em um outro corpo. E quando a repórter entra nesse mundo virtual, já com uma roupa diferente, vira espectadora, mas também passa a fazer parte da obra de arte. Ganha a companhia de outras pessoas.
Essa convivência traz momentos de harmonia e outros, nem tanto. E não é bem assim que os humanos vivem aqui fora?
“Você entra dentro do programa. E isso não é qualquer lugar. É exatamente a exploração”, diz a design de interior Rose Bortolli.
Artistas canadenses trouxeram uma daquelas máquinas que gravam a nossa voz, para mostrar que o som produz rastros.
“O som fica parado no tempo e a gente precisa se mover no espaço físico para escutá-lo”, explica o artista Jean-Philippe Côté.
Uma provocação para lembrar: quando usamos equipamentos eletrônicos podemos deixar nossas pegadas no universo digital.
“Isso não significa que a gente não deva usá-los. Mas é para pensar no jeito em que tudo é gravado o tempo todo”, pondera o artista Victor Drouin-Trempe.